Aumento do grau de investimento abre espaço para Banco Central reduzir juros

Estamos há mais de 10 anos com estagflação e isso precisa mudar

27/07/2023, 13:13
Atualizado há 10 meses
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Por Fabiano Rambo
Investimentos com redução de juros (Foto: Ivan Carlos de Paula/DALL-E)Investimentos com redução de juros (Foto: Ivan Carlos de Paula/DALL-E)

A agência de crédito Fitch elevou a nota do Brasil de -BB para BB, com a perspectiva de estabilidade. A escala termina com o mais alto “grau de investimento” traduzido pelo triplo A positivo (AAA+). Na prática, a agência reconhece um “menos pior”, nas contas públicas e no desempenho econômico do país. Em 2018, a Fitch reduziu a nota de crédito, em virtude dos escândalos da Lava Jato e perspectivas fiscais ruins, com tendência de alta na relação Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG)/PIB, a qual, o Banco Central (Bacen) reconhece que se não controlada ainda pode chegar a 100% do Produto Interno Bruto ainda nesta década.

A agência reconhece que “as tensões políticas persistem, mas não resultaram em resultados econômicos ou políticos adversos e refletem o funcionamento eficaz dos freios e contrapesos em alguns casos”. Em outras palavras, apesar do clima político ainda acirrado entre os grupos Lulistas e Bolsonaristas por conta da eleição e posições ideológicas, esse entreve está contrabalanceado pela solidez das instituições e Bacen, alvo de frequentes críticas por parte do presidente atual e sua equipe.

A boa notícia acompanhada pelo comunicado da Fitch é a perspectiva de auxílio para tomada de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) com vistas a reduzir a taxa básica de juros (Selic), hoje em 13,75%. Desde agosto do ano passado, os juros estão neste patamar e, minha aposta, é de redução de pelo menos 0,25% para esse indicador, encerrando o ano entre 12,25 e 12% a.a.

Otimistas apostam num corte de 0,5 p.p na Selic. Entretanto, a decisão passará pela análise conjuntural interna, baseada principalmente na tendência das intenções do governo em gastar ou economizar. Fatores como câmbio e inflação, no cenário de hoje, aparecem com mais estabilidade. Como elemento novo, aponto o aumento em 0,25% na taxa de juros no Estados Unidos, a qual é a mais alta em 16 anos. Na prática, isso pode elevar a cotação do dólar no Brasil, pela migração de investimentos. Porém, a nota da Fitch pode fazer um contrabalanço a esse movimento.

Juros baixos no Brasil perpassam pela capacidade do Governo Federal gastar somente o arrecadado. A verdade seja dita: estamos há mais de 10 anos com estagflação. Ou seja, inflação maior que o crescimento da economia e isso precisa mudar!  Diminuir os juros é uma consequência.