O Governo de Santa Catarina pretende lançar em agosto deste ano “um grande pacote com obras de infraestrutura, em especial as revitalizações das principais rodovias estaduais catarinenses”. O valor a ser aplicado é da ordem de R$1,5 bilhão, a ser financiado junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). O governador Jorginho Mello deve fazer o anúncio oficial, com detalhes do plano, quando terminar de percorrer o Estado, no Programa “Santa Catarina Levada Sério”, o qual percorre todas as regiões, apresentando dados do governo, reforçando seus compromissos e ouvindo as lideranças locais.
Jorginho quer saber o que pensa todos os 295 prefeitos para depois falar das prioridades eleitas para serem contempladas com o R$1,5 bi, aprovado pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC) ainda em 2017. Esse financiamento já estava previsto no Orçamento do Estado de 2023. Lembrando que Santa Catarina já tem quase R$20 bi em dívida contraída e segundo a Federação das Indústrias de Santa Catarina são necessários pelo menos R$7bi para fazer a recuperação da malha viária do estado.
Na certa, a infraestrutura rodoviária é a maior dor de todos dos catarinenses. Lembra-se que pesquisa da CNT aponta que 90% das estradas catarinenses são ruins ou péssimas. Não há região onde Jorginho não tenha de ouvir reclames de obras atrasadas, anunciadas e não executadas. Ele mesmo foi responsável por 25% destes atrasos, quando pediu a revisão de contratos, cujas empresas já estavam com canteiro de obras em fase de implantação. São 19 obras paralisadas e 50 em andamento no Estado. Entretanto, sete não iniciaram. Justamente as regiões Oeste, Meio-Oeste e Extremo-Oeste são as mais afetadas.
Um destes exemplos foi a SC 160 que tem papel fundamental no corredor Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, cortando a Região Oeste. A rodovia, a exemplo de outras, está caótica, especialmente no trajeto entre Campo Erê e Saudades. Até intervenção do Ministério Público se viu e se noticiou para sensibilizar o Governo do Estado a fazer algo. De prático, três promessas e nenhuma ação concreta. Por falar em concreto, a construção da pista com pavimento rígido (cimento) foi a última grande novidade. Algo também verificado só no papel, por enquanto.
Em Pinhalzinho, logo nos primeiros dias de governo, por causa desta suspensão, teve de dar explicações aos prefeitos da microrregião e várias lideranças do agronegócio que estiveram presentes na abertura do Itaipu Rural Show. Optou-se por dar crédito a Jorginho e seu argumento de superfaturamento em alguns trechos. Entretanto, se não houver agora uma ação prática, o grito dos moradores do Oeste vai ser ouvido em Florianópolis sem necessidade de mega-fone.