Por Henrique Paulo
Após 74 anos de união, Odileta e Paschoal faleceram no mesmo dia, em um destino que pareceu ignorar a promessa feita no altar: "até que a morte os separe". Juntos desde a juventude, sua história de amor encantou familiares e amigos, e mesmo após o falecimento, o legado de sua relação continuou a emocionar.
Quando a família abriu o cofre após a morte do casal, foi encontrado um verdadeiro "tesouro emocional" - cartas de amor trocadas ao longo das décadas.
A paixão deles começou de forma inusitada em Votuporanga (SP), na praça ao lado da igreja matriz. Paschoal, que brincava com um cordão de pescoço, acabou acertando Odileta acidentalmente. Ela, com delicadeza, devolveu o colar, e ele, com o sorriso do destino, respondeu: "A correntinha foi certeira, feito a flecha de Cupido."
O namoro que se seguiu foi marcado por quatro anos de puro encanto e, em 1950, eles trocaram alianças em uma celebração que durou três dias. Ao longo de sua vida, a relação foi construída sobre uma base sólida de carinho e companheirismo.
Além de compartilharem a vida a dois, eles também dividiram o trabalho na loja de calçados da família. Com seis filhos, a convivência diária era recheada de momentos de cumplicidade, como os almoços e jantares sempre realizados lado a lado.
Com o passar dos anos, os desafios começaram a surgir. Odileta foi diagnosticada com Alzheimer. Paschoal, sempre dedicado, se encarregava de tudo, desde a limpeza das panelas até as orações por conforto para a esposa. Mesmo com a doença, Odileta continuava a rezar e a aplicar passes em Paschoal, como se nada tivesse mudado.
Em 2023, Paschoal recebeu a triste notícia de que estava com câncer. A separação deles aconteceu apenas com as internações.
