Por Felipe Eduardo
O crescimento dos índices de obesidade infantil em Santa Catarina acendeu um alerta nas autoridades de saúde. Dados de 2024 do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) revelam que 17% das crianças catarinenses entre 5 e 10 anos apresentam sobrepeso e 15% já convivem com a obesidade, números superiores à média nacional, que é de 15,1% e 14,6%, respectivamente.
A obesidade é uma condição crônica e multifatorial, marcada pelo excesso de gordura corporal e associada a doenças como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares. Quando se manifesta ainda na infância, pode afetar o desenvolvimento físico e emocional da criança, além de ter reflexos negativos na vida adulta.
Entre os fatores que contribuem para o aumento dos casos estão o fácil acesso a alimentos ultraprocessados, a publicidade agressiva voltada ao público infantil, padrões alimentares desorganizados, além do sedentarismo, excesso de telas e falta de espaços seguros para brincar.
Diante do cenário preocupante, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Diretoria de Atenção Primária à Saúde (DAPS), vem adotando estratégias intersetoriais para enfrentar o problema. As ações têm foco na promoção da saúde, prevenção desde a infância e atenção integral à população.
Para a nutricionista Clarissa Selau, responsável técnica de alimentação e nutrição na DAPS, o enfrentamento da obesidade infantil deve ser pautado na promoção de saúde e no respeito às realidades das famílias.
“Acreditamos na prevenção desde cedo, com ações que envolvem escolas, unidades de saúde e toda a comunidade. É essencial lembrar que o enfrentamento da obesidade infantil passa também por combater estigmas”, destaca.
Rede de cuidados e programas integrados
Entre as principais iniciativas está a Linha de Cuidado para Pessoas com Sobrepeso e Obesidade, atualizada em 2024. O documento orienta a integração dos atendimentos em todos os níveis da Rede de Atenção à Saúde (RAS), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta é fortalecer o acompanhamento multiprofissional e qualificar o atendimento às crianças e suas famílias.
Outro destaque é o Programa Saúde na Escola (PSE), que tem adesão de 100% dos municípios catarinenses. Em parceria com a rede pública de ensino, o programa promove ações educativas voltadas à alimentação saudável, prática de atividades físicas e prevenção da obesidade.
